<br />UM HOMEM VELHO, UM CHAPÉU, UM TERNO BRANCO, UM VIOLÃO...
Graça da Praia das Flechas
Vejo-me no espelho
Tenho o corpo nu
De uma mulher que já viveu
Sofreu
Chorou
Fez chorar
Foi enganada
Também ludibriou.
Meus olhos são inquisidores
Como se perguntassem-me:
Para que
E por que queres mais viver?
Morta em espírito já estás
Abandonada
Por "ele"
Por aquele que se dizia
Teu eterno amor.
Mais um canalha
O mundo ganhou!
Meu rosto em lágrimas agora
Meus olhos ainda indagando-me:
Por qual razão, sua devassa, demente
Você ainda chora?
Não sabia que ele era um vagabundo
Não tinha tempo e nem tinha hora?
Um náufrago do mundo
Que um dia sem avisar
Seguiria seu caminho
Levando apenas o chapéu
O violão velho, sem cordas
E o terno branco de linho
Que sairia a andar ao léu?
Um homem sem eiras e beiras
Que nunca respeitou nenhuma fronteira
Quem manda também
Você só fazer asneiras?
Agora vai agüentar
Com teu coração arrebentar
Porque sabes que ele não vai mais voltar.
Não, não quero me olhar!
No espelho como tresloucada a chorar
Estou
Ensandecida de dor
Porque perdi meu único e grande amor.
Quero sangrar até morrer
Antes de completamente enlouquecer.
A faca afiada está perto
Como a me chamar
Pego-a na não
Para meu peito rasgar.
Quero ver meu coração sangrar
Pelas portas da morte, entrar
Desta vez, não há solução
Por você perdi completamente a razão.
Quero esquecer
Quero morrer
Até que os vermes
Venham esfomeadamente
Minha carcaça pútrida comer.
Em minha fria Lápide
Escreverão:
POR UM HOMEM VELHO
UM CHAPÉU
UM TERNO BRANCO
UM VIOLÃO
MAS DESTA VEZ
NÃO HOUVE NENHUMA LINDA CANÇÃO!...
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