Encontro-te nu, envolvido num lençol de seda que perfumas com o aroma doce da tua pele. Paralisas-me, tiras-me a vida, por momentos. Sorris-me e eu atrevo-me a avançar. Enquanto o faço, mordisco os meus lábios húmidos de desejo.
A um metro de distância de ti, pareço percorrer um longo corredor, numa encenação dramática como no tempo de Luis XIV, rei de França. Não desviando o olhar, atraís-me como o pólo positivo atrai o negativo. Desorientas-me, desarmas-me o raciocínio. E já a um passo da cama, puxas-me! Caímos os dois num beijo louco e vaidoso. Arrepias-me com as tuas mãos frias daquele copo de champanhe que seguravas. Desnudas-me, rasgas-me a roupa e atira-la dispersa pelos quatro cantos daquele espaço. O cenário não poderia ficar mais quente, quando num ato juvenil e louco, atiras a minha lingerie para o meio daquela cera que se queimava num lume ofegante.
As chamas pintavam agora destemidas, em tons avermelhados e desfocados todo aquele prazer. Os corpos cediam, entrando em ebulição. Ensopados, roçavam-se um no outro, criando uma chuva de loucura. Os móveis, todas aquelas relíquias alimentavam a fome desordeira daquele incêndio, mas pouco nos importava, queríamos apenas viver enquanto imortais, aquele momento eterno.
Quantos cabelos meus foram arrancados pelas nossas mãos selvagens e impiedosas? Quantas tatuagens fizemos arrebatados de paixão? Foram tantas e tão poucas que insatisfeitos, só queríamos mais. Fizeram-se então estilhaçar, num clímax em que os gemidos agudos davam austeridade àquelas cinzas consumidas pelo nosso amor. Nada mais existia à nossa volta. Estávamos cegos e peritos naquele jogo de sedução. E no fim desta melodia dada pela nossa mortalidade jurámos sangue de como viveríamos novamente aquele momento.
Amor, eu estou pronta, encontro-te nu envolvido num lençol de seda que perfumas com o aroma doce da tua pele…