Poemas -> Introspecção : 

A chuva lenta (Gabriela Mistral)

 
Tags:  AjAraujo    poeta humanista  
 
Esta água medrosa e triste,

como criança que padece,

antes de tocar a tierra,

desfalece.


Quietos a árvore e o vento,

e no silêncio estupendo,

este fino pranto amargo,

vertendo!


Todo o céu é um coração

aberto em agro tormento.

Não chove: é um sangrar longo

e lento.


Dentro das casas, os homens

não sentem esta amargura,

este envio de água triste

da altura;


este longo e fatigante

descer de água vencida,

por sobre a terra que jaz

transida.


Em baixando a água inerte,

calada como eu suponho

que sejam os vultos leves

de um sonho.


Chove... e como chacal lento

a noite espreita na serra.

Que irá surgir na sombra

da Terra?


Dormireis, quando lá foram

sofrendo, esta água inerte

e letal, irmã da Morte

se verte?


Gabriela Mistral(1889-1957), poetisa chilena. poema traduzido por Ruth Sylvia de Miranda Salles

Professora primária em zona rural, foi a primeira figura literária feminina a ganhar o Prêmio Nobel no continente americano. É autora, entre outros livros, de Desolacióm, Ternura, Tala y Lagar.
 
Autor
AjAraujo
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1338
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.