(CONTINUAÇÃO)
- Lá voltamos nós ao mesmo... vê se entendes. Imagina, numa festa, um indivíduo "bebeu mais do que a conta", mete-se no carro e despistou-se matando uma família que esperava o autocarro. O que dizes?
- O mesmo. O indivíduo é condenado e o seguro paga tudo.
- Quê?! - Anastácio lançou-lhe um olhar incrédulo.
Saíram ambos e desceram pela ladeira que levava à estreita ponte de ferro. O fim da tarde estava claro e o ar tinha arrefecido.
- Estava a brincar... – sorriu - o indivíduo vai preso e a família lixou-se.
- Achas bem?
- Claro que não, - retorquiu Alexandre, num último esforço de argumentação - mas o homem também não o fez conscientemente, estava bêbado. –
- Pois aí é que tu erraste! O homem bêbado nunca conduziria carro algum. Todos nós sabemos quando estamos com o "grão na asa". – Sem se deter - O que nos faz conduzir bêbados é saber que se tivermos um acidente, o máximo que apanhamos são alguns anos de "chilindró", a comer, a beber, a ler, a ver televisão, etc., etc. Mas se a lei condenasse à morte neste caso, já este homem não conduziria e tinha chamado um táxi.
- És capaz de ter razão... – disse Alexandre, enquanto atirava uma joga sobre as águas do rio.
FIM