Crónicas : 

Miguel Hernandez da ordenha à poesia

 
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Orihuela – cidade-oásis, espanhola. Mãe-terra de Hernandez, rico em simplicidade.
Cresceu tal qual Davi – pastoreando.
Na ordenha de cabras, embaixo do céu estrelado; na luz da lua, ou, na chuva, encontrou a poesia – o belo.
Poderia ser rude em modos; não dado a cultura; aparentemente bronco – a força adquirida com o trabalho duro; o corpo fadigado, suado...poderia induzi-lo a isso.
Mas, nem tudo que o homem faz denomina o que ele é de fato; nem sempre o homem condiz com os seus atos. O homem é uma incógnita; é surpreendente, principalmente para si.
Em meio à natureza Hernandez se encanta com os seus mistérios.
Desperta no filho do empreiteiro de gado, o desejo de expressão literária; de ordenhar as letras e transformá-las em leite forte – alimento surreal.
Buscando estudar, destacou-se por sua inteligência.
Aos quinze anos de idade, deixa os estudos para atender as necessidades financeiras da família – volta ao pastoreio de cabras. O ardor de sua alma, pela poesia faz com que, ele transforme os momentos solitários do pastoreio, em aprendizado: dedica-se à leitura: Zorrilla, Gabriel y Galán, Miró, Dario Ruben, adentram o espírito do poeta saciando-lhe a sede poética; induzindo-o a escrever os seus primeiros poemas, corrigidos pelo jovem Sijé Ramon que o conduz a leitura dos clássicos e da poesia religiosa.
A tamanha sede de aprender alimentou e fortaleceu sua alma. Em 1930 Miguel Hernandez começou a publicar os seus poemas. Assim, começou a alcançar o reconhecimento de sua obra.
Na segunda viagem a Madrid conhece Josefina Manresa vindo a se apaixonar. Em julho de 1936 o poeta participa da guerra civil, foge para contrair núpcias matrimoniais, aos 09 de março de 1937.
Nem mesmo a guerra o afastou da poesia, porém, o stress oriundo das múltiplas atividades, o conduziu a enfermar – anemia aguda.
Em 1939 Hernandez é devolvido às autoridades espanholas tentando atravessar as fronteiras portuguesas. Começa então a peregrinação do poeta do povo pelas prisões espanholas: Sevilha, Madrid, Ocana, Alicante. Em setembro de 1939 ele é solto. Volta a sua terra – Orihuela, onde é preso mais uma vez. Seu corpo debilitado sofre uma tuberculose pulmonar aguda, em ambos os pulmões. Dor, amargura, tosse e hemorragia aguda consome inexoravelmente Miguel Hernandez que vem a falecer aos 28 dias do mês de março de 1942, aos trinta e um anos de idade.
Imortalizado por sua obra magnânima desperta, hoje,em nós, aplausos; a saudade de não tê-lo conhecido; o aprendizado no tocante ao fato de que, há poesia na ordenha; no cultivo de ervas; no pastoreio de cabras, gado; no amor; na paz e na guerra; na vida e na morte; há poesia além dela.




EstherRogessi; Crônica: Miguel Hernandez da ordenha à poesia; Recife-PE/Brasil, 06/07/12


Quando descobri o que sou para Deus a opinião da oposição, a meu respeito perdeu o efeito; quando me conscientizei do que Deus é para mim dispensei intermediários.

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Esther
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