Mar...imensa mole hídrica, que tanto me fascinas,
no olhar que se perde na lonjura do teu dorso,
e vai esbater-se no horizonte!
Gosto estar junto de ti, mar...
Quando na tua serenidade,
me deixas escutar o teu marulhar,
em sons de melodias, como palavras de amor,
na poesia que as tuas ondas entoam,
ao beijarem as areias,
onde vão espreguiçar-se no leito
dourado da praia,
que a espuma branca cobre
como lençol de pura seda!
Mas tu, mar...também és bravio,
incontrolado na tua fúria desmedida,
tantas mortes causas com a tua agressividade!
Quantos inocentes sepultaste nas tuas águas revoltosas,
só porque queriam tirar o sustento,
na labuta que afagava as tuas águas
e que tu, mar...
Arrastaste nas redes da sua fome!
Já foste tão odiado,
simultaneamente amado...
És um eterno desconhecido, mar...
Já levaste o nome de Portugal bem longe
permitiste que frágeis caravelas,
te singrassem, atrevidas e aventureiras!
Mas, para mim, mar... Quero-te tranquilo
Sentar-me na falésia,
contemplar-te na tua acalmia
onde o sol se espelha...
E deixar-me navegar no teu murmurar, minha serenidade
José Carlos Moutinho