Quero libertar-me dos nós dos instantes
que a vida teceu na tela crua da realidade!
Soltar-me em voos de alegria,
ignorar pesadelos,
desbravar novos ventos
em luares da minha vontade tenaz!
Quero cantar como louco, neste mundo desvairado,
rir-me na cara dos libertinos pedantes,
ironizar a vaidade emaranhada da arrogância,
correr por ruelas de desencantos amorfos
e encontrar lá no horizonte, o oásis
da serenidade que me acalme
no deserto revolto de mim!
Quando me libertar deste sentir inquietado,
buscarei no sorriso dela, o meu ânimo,
dos seus cabelos negros ondulantes, a seda
que me acariciará o rosto,
da sua voz de cristal, absorverei a melodia
que enfeitiçará a minha alma,
as suas mãos serão o meu estremecer
e dos lábios extrairei o néctar que me alimenta,
na fogosidade dos nossos corpos.
José Carlos Moutinho