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e tantas foram as manhãs que me escureci
sem me amanhecer,
cousas que me habitavam, promessas fossem,
da sede que não se estancou, arribaram-me desertos.
… E se por um beijo teu que fosse,
Mesmo estranho e provisório,
Mesmo nesta vida que jamais me modificará,
Me desabitasse de vez,
Haveria de me lançar do promontório
Que um dia desafiei. Cumprir-se-ia silêncio.
Cessar-me-ia.
… E tantas foram as noites que não presenciei
O teu sonho interrompido.
experimental, palavras rabiscadas numa Moleskine com prazo de validade.
Cousas, ou coisas?
"De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando."
(Vinicius de Morais "Poética")
Arribar – aproar a sotavento
Cessar – parar, acabar, deixar de sentir
…
[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]