Não,
não te peço o pão,
Não,
não te meço a mão,
Não,
não lhe entrego o grão,
Não,
não lhe envergo o chão,
Sim,
sabes que tenho fome,
Sim,
sabes que tenho nome,
Sim,
sabes que passo por pouco,
Sim,
sabes que passo por louco.
Entre o teu não e o meu sim,
entre o teu sim e o meu não,
há mais que um orgulho besta,
há um embrulho na cesta,
A diferença entre o ter e o poder
Entre o ser e o sobreviver
Como é fácil dizer este não ao pão
"Não, não tenho moedas!"
Como é difícil dizer este sim ao chão
"Sim, com certeza como incomodas!"
AjAraujo, o poeta humanista, a propósito de uma cena cotidiana.