Infeliz sondagem
(Mauro Leal)
Uma propensa vislumbra assenhorear
e com a língua a coçar, não se controla e com jeitinho
pelas beiradas como quem não quer nada
arrisca em expressar nos termos "daquela" que não quer calar.
- Quem herdará?
Assombrado exclama: insensata estás "ypiócada" e delirada!
pois nada há o que testamentar:
Pra seu governo, a real em verso vou rimar:
. o canto não tem como escriturar;
. alienado o possante está; e
. locatário sou do quadrado-point dos discípulos aloprantes.
Ensandecida, afogada nas mágoas e na lida, suspira:
tempos e sonhos coloridos em vão,
mais uma entrega aventurada, fracassada
na alertada contra-mão da estrada
que sobe e desce e o número desaparece.