Lá longe, mais além, onde não vejo ninguém,
existe um préstito funéreo
a que minh'Alma se prende, porque contém,
um profundo olhar etéreo ...
Vão muitos a sepultar, entre lúgubres caminhos,
D. Gonzallo de Tolledo, Senhor da Vila de Orgaz.
"Óh morte, quando é que também me vestes...?" Assim diz, o Poeta-Conde, Senhor da vila de Monsaraz!
E em hora derradeira ouve-se uma voz sem Paz:
Não há ninguém que me conforte,
oiço ainda o Vento chorar trágico e forte!
E tanta gente se vê nos funebres chorões do seu caminho
a abrir com lágrimas de morte, um qualquer destino,
para aquele que foi outrora o nobre Cavaleiro Conde de Orgaz!
Ricardo Louro
em Évora
Soneto que nasce da belissima Tela do Pintor El Greco em que o tema principal é a morte e enterro do Conde Orgaz. Uma Obra que considero fenomenal pelas expressões de rosto, movimentos delicados e profundos que indicam a intenção de realizar umas das 7 obras de misericordia corporais, enterrar os mortos. Toda a envolvência e intenção Esotérica da pintura é magnifica...
Ricardo Maria Louro