Não vale a pena Amor
não vale a pena
não vale a pena
voltar a Esposende
Nada possuo lá
nada me prende
a não ser esta dor
esta imensa pena.
O meu quartinho azul
a casa onde nasci
virou igreja de um deus
em que não creio
ai esta dor, esta dor no meu seio
ai a saudade da terra
onde vivi.
A casa de meus pais
que a sorte me tirou
em troca desta dor
que me esmaga
e me prende
Casa da minha infância
de mistério e duende
na voragem do tempo
tudo o tempo levou...
Ficou só em meus olhos
um punhado de mar
do mar que eu amei
do mar que eu temi
Ao lembrar Esposende
recordo-me de ti
dos teus olhos nos meus
em noites de luar.
Não vale a pena Amor
não vale a pena
não vale a pena voltar a Esposende
Se falo no passado
assim, ninguém me entende
e fico-me calada
Apática serena.
Não vale a pena Amor
não vale a pena
este tormento em mim
é passageiro
toda me envolvo como o nevoeiro
torna-me morta,
esquecida, pequena.
Passam os anos
são anos esquecidos
não vale a pena
voltar a Esposende
Já ninguém me conhece
nem atende
pertenço já ao vale dos recolhidos.
Não vale a pena Amor
não vale a pena...
Maria Helena Amaro
Inédito, maio 2004.
http://mariahelenaamaro.blogspot.pt/2012/06/esposende-ii.html
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