Perguntam-se porque é que sou tão fria. E, às vezes, gostava de saber como responder, mas após um debate íntimo, acabo por desistir.
Não vale a pena, porque palavras nunca poderão desconfundir uma alguém que não me conhece a história, logo nunca poderá entender.
Porque sou fria?
Porque tenho tanto amor por dar, e nunca ninguém pegou em mim e me quis o amor. E se o viu em mim, não quis saber.
Usou-o, fez rascunhos com ele e depois colocou-o no caixote de lixo ao lado da secretária.
Porque tenho todos os sonhos em mim, mas sei que nenhum deles terá penas fortes o suficiente para levantar voo, porque são "demasiado absurdos". Assim os rotularam, e assim acreditei.
Sou tão terrena porque tenho o desejo de voar e agonia de não ter asas. Então contrario, revolto-me contra o céu deixando-me prender à terra, sem o querer sequer o olhar por causa da desilusão no peito.
OH, Revolta!
No fim, fui uma criança cheia de sonho e amor por dar. E assim cresci, um pote de amor que se restringiu à sombra da sua própria maneira de ser estranha, que o mandou para a rejeição prepotente de um colectivo que só quer cheirar e enfrentar rosas vermelhas.
E eu sempre fui uma flor qualquer às cores, deixada na negridão de uma sombra, acabando por se tornar preta e se confundir com o cenário.
E apodreço, como apodrece o meu amor na amargura de ser inútil.
Lau'Ra