De Angola nunca ouvi tanto falar,
como desde que entrei no facebook,
de repente todos a querem amar,
ou será moda que esconde algum truque?
Quem lá nasceu, viveu ou somente conheceu,
tem por ela grande estima e imenso amor,
pela beleza rara do seu sol, tal gineceu,
Que na memória a nostalgia deixa dor.
Eu que não nasci naquela terra bela,
tenho por ela, paixão que me arrebata,
nesta saudade que o meu coração desvela,
no encanto da flora ou da simples cubata.
Percorri aquelas estradas e picadas sem fim,
extasiei-me com a fauna, que se me deparava,
aquela terra vermelha, prazer imenso para mim,
onde tantas e tantas vezes, assombrado eu ficava.
Foram bons momentos que o tempo não apaga,
conheci Angola de norte a sul, este a oeste,
os meus olhos tudo admiravam, até simples fraga,
lembranças, que ainda hoje a minha alma veste.
Banhei-me nas águas límpidas e quentes das praias,
fascinei-me com os batuques nas noites de luar,
nos musseques, a juventude buscava catraias
e na doce frescura dos frutos, o meu saciar.
E assim falo eu da minha querida Angola,
já que está na moda, mal ou bem falar,
lá fiz-me homem, onde eu cheguei criançola,
mas que soube receber-me e eu aprendi a amar.
José Carlos Moutinho