Hoje sinto-me desnudado … de sentimentos. Sou um ser errante, um caminhante perdido, Sem rumo, olvidado no esquecimento, de mim próprio. Deambulo num sonho inócuo e desabitado! Não encontro o pensar no espírito. Vivo o agora numa lentidão que me sufoca, Vivo num corpo inabitado e despido de vida. Sinto-me um ser errante, Levitando em penosas nuvens suspensas. O vazio acariciar-me, beijar-me a mente! Sou um espectro que vagueia pelo tempo, Que passa lento e pachorrento, Sorvendo pensamentos gastos, Que lembro mas não apago! Sinto-me ausente, no entanto … Nesse pensar incoerente e confuso, Vislumbro as trevas de mim próprio.
De repente, a névoa desvanece … sinto-me gente! Sou um ser nu que recusa velhos sentimentos, Que se veste de repente dos mais belos pensamentos; Alimento-me agora de sorrisos, de momentos, Dos instantes, das caricias que inflamam a vida! Uma recompensa, em cada ensejo vivido. Em cada sorriso que esboço, Em cada gesto que me move, Em cada beijo que sinto … Em cada paixão, Mesmo que mascarada pelo amor! Em cada dia … Nesses confusos sentimentos experimentados, Nutro a vida que me veste a alma e me enxuga as lágrimas!