O grande ditador ia vivendo, arrastado por marés de multidão desesperada, sobreviventes de uma desilusão oferecida pelo passado recente.
São as memórias tardias que nos consomem os medos, mas os colapsos recentes delapidaram o nosso ser com a força sempre presente de um retorno inacabado.
Diferente de um regresso sem fim, fica o local onde me encontro, sinto-me perdido não pela falta de companhia, mas porque sei o que preciso.
-Alguém em quem possa confiar.
Desvio-me do que sou, e de novo olho e reparo sozinho, há já tão pouco para mudar, mas tanto pode acontecer!
Dirijo uma força inútil e perco-me em desalentos, devo mudar de rumo e buscar uma estratégia que redefina um momento, em que tudo começa e tudo acaba, onde o tempo não tem importância porque o espaço que ocupa deixou de existir, e o sono profundo de pouco adianta, e o amor e o ódio serão um na conquista do outro…
Manuel Rodrigues