I
Clarissa foi à Fonte
levou na mão a cantarinha,
nasceram lírios pelo monte
nos passos que deu sozinha!
Clarissa foi à Fonte,
vai e vem à Fonte de manhãzinha ...
II
No regresso p'lo caminho
colheu os lirios que plantou,
pôs um passaro no ninho
rezou um Padre-nosso e chorou!
Clarissa foi à Fonte,
vai e vem à Fonte procurando
quem amou ...
III
Encheu a jarra da capela
com os lirios roxos da estrada,
seus passos adornam a capela
do Altar da Senhô, d'Orada!
Clarissa foi à Fonte,
vai e vem à Fonte com um balde
de lata ...
IV
Matou a sede dos canteiros
cobertos de rosas e açucenas,
a dos cravos com seus cheiros,
a dos gladiolos mais amena!
Clarissa foi à Fonte,
vai e vem à Fonte afogar
as suas Penas ...
V
É da Fonte das Zurreiras
que vem a água de Clarissa,
não é água turva de beiras
nem água benta de missa!
Clarissa foi à Fonte,
vai e vem à Fonte cantando
o Fado da Adiça ...
VI
Já se sabe nas aldeias
que Clarissa vai ao poço,
vai à Fonte das zurreiras
palmilhando o mesmo troço!
Clarissa foi à Fonte,
vai e vem à Fonte em procura
do seu moço...
Ricardo Louro
Dedico estes versos às idas que fiz à Fonte das Zurreiras em miudo com a avó Clarisse no Outeiro, monsaraz, um doce tempo que já lá vai ...
Ricardo Maria Louro