Maria viu com os seus próprios olhos esverdeados, a estrela que dançava por entre as demais na escuridão da noite como um pirilampo endiabrado querendo dar nas vistas.
Era uma daquelas noites quentes de verão em que o perfume do sol permanece na sua ausência. A estrela permanecia inquieta, escondia-se ocasionalmente entre as nuvens mas logo tornava a esbanjar a sua presença numa magia espontânea. Ela permaneceu indiferente até que notou algo estranho, aquela forma dançante de luz começou a crescer, ganhando proximidade e a sua presença não pode mais ser ignorada. Desceu como um relâmpago sobre os montes provocando um enorme clarão sobre vários quilómetros, como se o sol tivesse despertado por alguns segundos.
Incrédula, ela observa tudo ao seu redor mas estava só, não havia ninguém para partilhar aquela visão extraordinária e terrível. O seu coração batia forte e incansavelmente num ritmo que lhe cortava a respiração. A sua mente estava dispersa, perdida, entre a incredulidade e o raciocínio. Então correu ao encalço daquela luz que começava a se apagar entre os montes, se encolhendo sobre a escuridão. Alcançou-a depois de uma corrida interminável, mas susteve-se quando sobre a terra, sobre um círculo de fogo, um anjo chorava a sua queda.
(Joel Flor)
"Por vezes quando o mundo se esquece de nós e nos tornamos invisíveis aos seus olhos, começamos a enxergar todo o universo que gira à sua volta de um modo diferente, no silêncio da noite quando esse mesmo mundo dorme, quase nos è possível escutar os s...