Já não sei em quais folhas escrevi
aqueles outros versos diferentes.
Aqueles que não falavam de amor,
nem de sentimentos,
mas de coisas em outros lugares,
de projetos e vontades
maiores que os meus dias,
e amanheceres em alegrias,
com cavalos correndo, sublimes,
narinas fumegantes, cheirando a vida,
em pastos verdes, bufando liberdade...
Também já não sei em que folhas me dei conta
de como estavam diferentes,
os meus versos,
vazios do que eu queria,
cheios de outros significados,
como se me tivesse perdido
em caminhos que não eram meus,
onde as palavras me impusessem vontades
e formassem frases estranhas,
até um pouco indiferentes a mim,
como risos na alegria dos outros...
Mas sei em quais folhas deixei palavras
que testemunham o meu reencontro,
e leio-as numa quase-surpresa,
de todas as vezes que me leio,
como se encontrasse nelas, a cada nova vez,
numa quase simplicidade,
coisas que, somadas, são maiores que eu,
e que nem sequer me explicam,
apenas me complicam
em aparentes verdades,
que nem sei se o são...
11/6/2007