“Meu despertar é doloroso, queria que aqueles momentos se eternizassem ou (o que seria perfeitamente bom e insano) se tornassem realidade.”
Sonhos
Acordo em mais uma noite de pesadelos, ainda é alta madrugada e eu temo voltar a dormir. O dia clareia, não resisto, volto a pegar no sono e, como nas outras noites, você vem pra me acalmar.
Parece até que você sabe quando e do que eu preciso, mas foi só um sonho (seria eu louco por estar assim?). Estou confuso, volta e meia me pego falando sozinho, pensando em você que nem sei quem é. Mais uma noite de delírios.
Estávamos em um local surreal, havia uma banda com instrumentos estranhos e uma plateia um tanto quanto incomum... Um dos músicos se aproximou de você, ele queria chamar tua atenção e conseguiu. Nem suas risadas doces davam sentido às coisas toscas que ele falava, foi quando te abracei pra conter teu riso frouxo (e pra voltar suas atenções pra mim). Deu certo. Quando seus olhos se encontraram com os meus me perdi no vazio escuro da tua alma, um momento perturbador, porém o melhor da minha vida.
Por um momento achei que devia desviar o olhar, mas estava preso no teu mundo e, mesmo que pudesse, não queria escapar. Foi quando o beijo aconteceu. O êxtase do momento me fez tremer, enquanto você, que estava ao meu lado, ficava imóvel. Você enfim se mexeu, levantou-se da mureta onde estava sentada (quase deitada) e sentou-se em meu colo, como se precisasse de alguém pra te proteger. E então eu acordei (queria ter dormido pra sempre, só pra ter aquele abraço).
Agora me resta passar o dia vivendo a realidade longe dos delírios da madrugada, delírios que tanto gosto, sonhos e pesadelos que me fazem insano nesse mundo normal. Quem sabe se, nesses dias tão reais, me pego em um desatino, um delírio como aquele na calçada... Quem sabe você não aparece e (mesmo que em mais um delírio nas minhas madrugadas desesperadas) nós ficamos juntos, abraçados, nos protegendo da sanidade do mundo...
Pablo Wendell - 14/06/2012 - 11h 57min
Qualquer semelhança com a minha realidade (ou delírio, nunca vou saber) é mera coincidência...