Tango

I
Ouço uma música...
É um tango!
Tão bela melodia... Tão bela!
Vejo lindas jovens morenas
- Leves dançarinas -
Mais leves do que folhas no outono
Carregadas pela calma brisa
De um sopro divino!

Tão bela melodia!
Fecho meus olhos e posso sentir...
Minh’alma alegre dançando
Contaminada pela paixão
Tão profundamente expressa
Pelos olhos de cada jovem dama.

II
Continuo a dançar...
Acompanhando com os dedos
Cada perfeita nota
Desta profunda melodia,
Mas abro meus olhos,
Observo minhas pernas
E elas... Permanecem estáticas.

Tento dar um passo...
Nunca vi tão desajeitado tropeço;
Meus olhos pingam lágrimas,
Não pingam simplesmente...
Pingam no ritmo do tango!
Até minhas lágrimas!
Mas por que não minhas pernas?

Deus! Que sonho!
Ainda quero sentir meu corpo
Acompanhar meu pensamento,
P’ra que juntos desfrutem das sensações
Proporcionadas por tão inocente malícia
Estampada em cada profundo olhar,
Em cada segredo a desvendar,
Em cada pura e misteriosa beleza.

III
Tango!
Entreguei minh’alma a ti
Alma que dança no ritmo que desejas
Mas por quê? Tango, Por quê?
Por que não quiseste meu corpo também?