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e perco-me nesta terra tão de palavras que as tormentas
fundearam,
pecado capital antes fosse,
seja-me em vendaval repentino, então,
que toquem as trompetas anunciando o fim,
como um fado negro sem comiseração, sem voz,
que o crepúsculo se refugie por entre nebulosas que pontificavam num céu, antes azul,
que os primeiros ondulares do mar se ombreiem, sem resistência.
Os destroços da madeira, antes seiva, debruam o areal,
rarefaça-se a dor,
as vozes jamais se alterarão.
Hoje sei, o quanto me amaste,
mesmo quando minha alma crepitava, qual sal no fogo,
acreditava ouvir o som de um piano algures
que me atormentava,
perco-me nesta terra tão de palavras jamais ditas,
enquanto estas minhas todas tormentas, fundeiam nenhures,
porque só hoje, sei,
[o quanto me amaste].
experimental, palavras rabiscadas numa Moleskine sem prazo de validade.
“Mi libertad desnuda me hace el amor perfecto”
( Horácio Ferrer “Libertango” )
Debruar (figurado) – ornar
Seiva (figurado) – vigor, força, energia
nesta tormenta, que hoje, me atormenta pelos dias, pelas noites,
acredito ouvir sempre o som de um piano, algures
…
[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]