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PENA DE MORTE - ensaio

 
- É assim. Não existe meio-termo. Na vivência entre os povos não deve haver mais do que uma forma de estar. Toda a forma de pensar e de agir deve estar sempre imbuída de bondade e nada mais. - Bebeu um gole pousando o copo levemente.
Alexandre olhava-o com uma indisfarçável desconfiança.
- Acho que estás a tentar amordaçar as pessoas, a tirar-lhes a liberdade de optar.
Anastácio levantou o sobrolho.
- De optar?
- Sim. – Respondeu Alexandre, secamente, apertando o copo com as duas mãos. - As pessoas são todas diferentes. Aquilo que eu acho bem tu podes achar mal.
Anastácio fitou-o com provocação
- Achas?
- Acho!

Refastelando-se para trás, Anastácio cruzou os braços.
- Então, pensa bem e dá-me um exemplo. Alexandre sabia da experiencia de vida de Anastácio, mesmo assim jogou ao ataque - Sei lá... – rodopiou o copo - Olha, tu achares que se deve condenar à morte e eu não.Anastácio coçou o queixo, esfregou o buço.
- Repara que a condenação à morte não tem de ser uma imposição. Tem de ser uma opção. Uma opção que a sociedade entenda como castigo mais adequado para alguém que fez mal. Na sociedade injusta, imperfeita e violenta em que vivemos, as leis não são cumpridas, pois não?
- Muitas vezes não! – concordou Alexandre.
(CONTINUA)

 
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FernandoPitada
 
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