A morte do poeta
Seis horas, tarde finda,
ainda que meus passos me levem
a algum lugar,
já não encontro meios de sonhar.
Estrelas brilham, lua cheia
que incendeia a ribalta.
Alta a noite ainda caminho
sozinho com meus passos
deixando espaços para trás.
Jaz a última esperança
na dança de emoções;
paixões esquecidas
sofridas lembranças
de tempos de outrora.
Demora a morte do poeta,
seta que corta a amplidão
da solidão de um ser
que viver não quer mais.
Paz, enfim.
E assim, na fria madrugada,
por sob a murada seu corpo jaz.
De quem é este corpo morto?
Toda opinião é incerta.
Mas ninguém sabe que a alma que sobe
é alma do poeta.
Mauro Gouvêa
Rio de Janeiro, março 1983
Homenagem ao poeta e escritor Pedro Nava, nascido em Juiz de Fora, assim como eu, que cometeu suicídio aos 80 anos no Rio de Janeiro. Pedro não quis esperar a morte, convidou-a para dançar.
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