Poemas -> Tristeza : 

A morte do poeta

 
Tags:  pedro    nava  
 
A morte do poeta

Seis horas, tarde finda,
ainda que meus passos me levem
a algum lugar,
já não encontro meios de sonhar.

Estrelas brilham, lua cheia
que incendeia a ribalta.
Alta a noite ainda caminho
sozinho com meus passos
deixando espaços para trás.

Jaz a última esperança
na dança de emoções;
paixões esquecidas
sofridas lembranças
de tempos de outrora.

Demora a morte do poeta,
seta que corta a amplidão
da solidão de um ser
que viver não quer mais.

Paz, enfim.
E assim, na fria madrugada,
por sob a murada seu corpo jaz.

De quem é este corpo morto?
Toda opinião é incerta.
Mas ninguém sabe que a alma que sobe
é alma do poeta.

Mauro Gouvêa
Rio de Janeiro, março 1983

Homenagem ao poeta e escritor Pedro Nava, nascido em Juiz de Fora, assim como eu, que cometeu suicídio aos 80 anos no Rio de Janeiro. Pedro não quis esperar a morte, convidou-a para dançar.
<center>Open in new window</center>


Todos os direitos reservados.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Mauro Gouvêa). Você não pode fazer uso comercial desta obra.

 
Autor
Mauro Gouvêa
 
Texto
Data
Leituras
1395
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.