Faz mais de um ano e meio que te disse tanta coisa com um simples olhar que trocámos naquela tarde... que te revelei tanto de mim, na profundidade de um beijo que ansiei nos dias em que apenas te olhava ao longe.
Acreditei que o sol também me aquecia e deixei-me envolver nos seus raios que me abraçaram sem pudor. Mas quando dei por mim já era noite, já o sol tinha escurecido e as estrelas tinham-se perdido no frio do breu. E ali fiquei, sentada naquele pedaço de tempo perdido no tempo, a esperar que consertasses o que partiste dentro de mim, a esperar que juntasses os pedaços soltos que deixaste em cada ponta dos meus sentidos.
Foram as palavras que não disseste que mais ouvi a gritar nos recantos da minha alma... agora já nem as sinto, já nem as sei! Também não as quero saber. Perdi-as no bloco de gelo onde as escrevi, aquele bloco que me deste... o mesmo que se derreteu até aos dias de hoje... até deixar esvaído o amor que te dei.
Cansei-me de esperar-te na outra ponta de um sonho, no lado direito das palavras mudas que ficaram por dizer... e tanta coisa, entre nós, ficou por dizer, num silêncio que se corrompeu absurdamente.