O rio sobe para a nascente
Por fragas de contorno polido
Rasga as margens, montanha acima
Faz a história de um livro não lido.
O livro fala de um rio, puro
De água viva e límpida
Que sobe feliz, sempre a subir
E se escoa nessa subida
Interminável até à nascente,
Carrega os segredos do mar
Os conselhos que este lhe deu:
-corre, corre meu filho sem parar-
Chama-lhe louco o povo:
-Como corre este rio ao contrário?
Clamam os gentios de tal feito
Testemunhas do esforço diário
De um rio que nascido no mar
Pula feliz e avança contente
Faz da subida hino de liberdade
A quem lhe chama louco, indiferente.