Garimpo as memórias
das tardes anoitecidas,
até encontrar,
em traços bem firmes e grossos,
os mapas dos meus mistérios..
Percorro-os, desmontando o tempo,
e encontro imagens
congeladas em fotos.
E sons indistintos,
frases mal escutadas,
onde vozes nervosas
se misturavam a risadas
mais nervosas ainda,
narrando histórias
que ninguém se atrevia a contar.
Sinto cheiros
meramente adivinhados,
e sabores de néctares
escorrendo da polpa
de frutos raros.
Identifico vãos, entre vontades.
Sonhos acalentados
em pequenos nadas,
com desfechos inacabados.
Paixões soberbas, em
sussurradas emoções,
como um embrião do futuro,
escrevendo-se em passos lentos...
Outubro 2007