Há uma dança infinita,
que em passos eternos se perpetua.
Nela, a alma se expressa, nua,
em palavras que rodopiam suaves trejeitos,
ou em fortes marcações de ritmo e silêncio.
Nela, somos dois, nessa mistura
de criador e criatura,
em floreados engajamentos,
e refinadas vênias de valor silente.
E em cada dança consumimos
algo que ainda estava por dizer,
reduzindo a outros passos
e condicionando a outros volteios
aqueles sonhos e anseios
que ainda ninguém dançou...
Mas dançamos sós, sempre sós,
com as palavras,
porque todas as danças evidenciam
a solidão do par,
que se ama enquanto dança
as frases de uma vida inteira !
( o salão, um imenso soalho de papel,
quase não guarda memórias
das nossas histórias,
perdidas por entre as evoluções
das palavras dos outros...)