Não gosto de cubículos
Tenho falta de ar
Não são pontos oblíquos
No meu modo de estar
Não gosto de clubes de futebol
Se demasiado bairristas
Lembram peixes no anzol
De um frenético campista
Não gosto do meu país
Sempre que perde o rumo
Estar patético e infeliz
Que há muito perdeu o prumo
Não gosto de palavras trancadas
É nas portas escancaradas
Saltando como petizes
Que vontades enlaçadas
Contornam os deslizes
De mentes atrofiadas
No mofo enraivado, deslizes
Palavras acções e ideias
São o pólo de junção
Bem no centro as colmeias
Mostrando o que é união
Não gosto de sítios trancados
Aos olhares curiosos
Diziam os velhos cansados
Relembrando os companheiros
Que lutaram p`la liberdade
Entre grades de prisões
Não gosto de tanta vaidade
Desfiando ilusões
Gentes do meu país
Posso ser um ser amargo
Amargo que sempre quis
A seiva de um saramago
Saramago é a planta
Que cresce em campo aberto
Tanto que serviu de janta
Em terras do Alentejo
Não gosto do degredo
Muito menos do opaco
De cubículos em segredo
Escolho franco barraco.
Antónia Ruivo.
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...