Poemas : 

«« Não gosto ««

 
Não gosto de cubículos
Tenho falta de ar
Não são pontos oblíquos
No meu modo de estar

Não gosto de clubes de futebol
Se demasiado bairristas
Lembram peixes no anzol
De um frenético campista

Não gosto do meu país
Sempre que perde o rumo
Estar patético e infeliz
Que há muito perdeu o prumo

Não gosto de palavras trancadas
É nas portas escancaradas
Saltando como petizes
Que vontades enlaçadas
Contornam os deslizes
De mentes atrofiadas
No mofo enraivado, deslizes

Palavras acções e ideias
São o pólo de junção
Bem no centro as colmeias
Mostrando o que é união

Não gosto de sítios trancados
Aos olhares curiosos
Diziam os velhos cansados
Relembrando os companheiros

Que lutaram p`la liberdade
Entre grades de prisões
Não gosto de tanta vaidade
Desfiando ilusões

Gentes do meu país
Posso ser um ser amargo
Amargo que sempre quis
A seiva de um saramago

Saramago é a planta
Que cresce em campo aberto
Tanto que serviu de janta
Em terras do Alentejo

Não gosto do degredo
Muito menos do opaco
De cubículos em segredo
Escolho franco barraco.

Antónia Ruivo.


Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
Autor
Antónia Ruivo
 
Texto
Data
Leituras
782
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 31/05/2012 17:59  Atualizado: 31/05/2012 18:19
Membro de honra
Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: «« Não gosto ««
Excelente poema Antónia
Gosto de te ler assim, no
mais visceral de ti mesma.
Beijo