Poemas : 

Dialeto da terra “mercado”

 
O dialeto da terra
Quantos o querem perceber
Vou falar aqui um pouco
Do muito que há para saber
Tem moçoilas
Tem mercado
Morangos rubros a ver
A terra tem dialeto,
Olhos que o viram crescer
Nas quatro portas
Uma cruz
Que fala por cada ser
Ainda o pão não está na mesa
Alguém o está a vender
No talho o sabor da carne
Que a bifana não vai mentir
O caldo verde da festa
No chouriço a carpir
A sardinha já na brasa
Que o queijo não vá esquecer
Tem no Zé da Joka a imagem
São tertúlias do sentir
O café queimou cigarro
O totobola, vou lá saber…
Reformou-se a menina Alice
Dona Pata não voltou a vir
Mas a fruta ainda é farta
A hortaliça a querer sair
Lá fica sempre um pregão
Que é peixeiro no seu sentir
Brilha o peixe no saber
No lenço que está a cair
Tem um rio de palavras raras
Rosa, lírios e crisântemos
Ramos que falam,
Flores a sorrir
Nos azulejos da terra
Que a ajudam a revestir

Os malmequeres fora da porta
Das tias que se partem a rir
É uma contagem de trocos
Dos pés descalços a pedir
Que a florista escreve nas palmas
Quando a terra teme o partir


Cristina Pinheiro Moita /Mim/

 
Autor
mim
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1004
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
9 pontos
1
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/05/2012 23:29  Atualizado: 26/05/2012 23:29
 Re: Dialeto da terra “mercado”
Gostei bastante. Parabéns, Cristina.