DIZ QUE NÃO ME AMAS
No adormecer coeso fui teu sono, airosa
Em teus pecados fiz de lima, fui a grosa
Missiva de meus sonhos precursores.
Em mim curaste tuas farpas, feridas, dores.
Esteei a nascente frondosa e lacrimal
E dei-te amor, do mais puro, mais letal.
Inebriámo-nos de aromas cor leveza
E dobrámos sem barqueiro o Bojador
Arrebátamos nosso amor com subtileza
E derrotámos com argúcia o Adamastor.
Como podes diluir em ti este colosso
Amor que foi tão bom, que foi tão nosso?
Em que ventos moribundos de latrina
Convertes-te esses sentidos pueris?
Uma história como a nossa, não termina
São cicatrizes de furor e adrenalina
Nesse tempo em que contigo fui feliz.
Se dizes que este amor não tem mais poros
Em frémito te direi que bem te enganas
Engole o orgulho e nos meus olhos
Diz-me a mentir, que não me amas!
Regensburg
30-04-10
Beija-flor