Estou cansado, o meu corpo não obedece à mente,
os meus olhos recusam-se abrir,
caem-me os braços desfalecidos,
doí-me o rosto pela brisa que me sussurra,
congelaram-se-me as ideias,
as minhas pernas petrificaram-se!
Sou um ser quase morto,
ou serei um ser quase vivo?
Só sei que me deixei cair nesta prostração
e que não quero sair!
Não existo mais, sou uma pena flutuante,
o mundo esqueceu-me
e eu consegui esquecer o mundo;
Não ouço mais nada, não quero;
Não vejo, nem me interessa;
Não posso abraçar, não tem importância,
estou só, não tenho a quem abraçar;
Para quê caminhar,
se não há mais caminho para mim,
que fiquem petrificadas as minhas pernas!
O corpo está cansado,
a mente congelada está vazia,
foram-se os pensamentos!
Os olhos humedecem-se na escuridão
e os braços caídos,
não conseguiram acariciá-los!
A respiração é lenta, inaudível,
não sinto mais a brisa,
que me doía o rosto,
talvez eu não esteja mais aqui,
sinto-me em elevação,
creio-me voar,
vejo luz,
talvez tenha encontrado o meu caminho
José Carlos Moutinho