Dizem que a Arte não tem mais pra onde ir,
Que estamos todos mortos,
Que a história acabou,
Que josé se fudeu e agora só usa minúsculas,
Que caducou a metafísica,
Congelaram-se os infernos,
Os 5 sentidos perderam o sentido...
Afinal, o inferno são os outros ou sou eu?
E agora, mané?
A razão desracionalizou?
Dizem que dizer não tem o que dizer,
Mas dizem, insistem em dizer,
Com megafones,
Ou nos sinais de trânsito,
Na transa ou no transe,
Injetam manchetes em nosso organismo.
Matamos Deus,
Matamos os assassinos de Deus.
Só não matamos a morte.
Ainda.
Ainda?
Onde está a nossa corda suspensa sobre o Abismo para equilibrarmo-nos novamente?
Onde nos equilibraremos?
No nada, no vácuo,
Nos braços de Abbadon,
No bigode de Nietzsche, Marx,
Na careca lisa e escorregadia de Foucault?
Somos macacos,
Somos bactérias,
Somos pó,
Somos química,
Somos História,
Somos relações de poder,
Não somos orações,
Não somos sujeitos,
Não somos diferentes,
Não somos iguais...
Somos?
Tantos milênios e as mesmas perguntas.
Dizem que a Filosofia morreu,
Que a Poesia morreu,
Que a luz apagou,
Desvirginou-se a santidade;
Mas mesmo assim,
Drummond fugiu de Casa,
Abandonou a Farmácia,
Virou poeta.
O que importa disso tudo?
Se a poesia está morta
E virou cemitério abandonado às Moscas,
Sepultem-me nela, por favor,
Até que eu floresça.
Se provarmos uma gota de uma gota de Sabedoria
Afogar-se-á o sedento Mundo.