Encomendei á alma
um poema,
mas tudo o que vai chegando
são apenas palavras-pássaros voando
- planando em noções esparsas,
não em vôos de garças
- de uma poesia
menor que as sedes do meu dia,
remota e vaga,
não um fruto, apenas baga...
(e palavras fracas, confusas,
aspirações difusas
de sombras em becos
onde soam ecos
e vozes em suave agonia...
-não o poema que eu queria !)
Talvez o meu poema, afinal, não seja
essa coisa luminosa, benfazeja,
e chegue por entre as palavras e as vontades,
encolhido em vergonhas de novidades,
subtilezas de bodas só suas,
um cântico ao luar, de sereias nuas...