Numa cancha não muito distante daqui
Um macaco rumina seus pensamentos
No cimo de um abastado pé de cáqui
Onde imperam leis volúveis dos ventos...
Lá, num recanto bem próximo do céu,
Onde a influência da pira é bem pequena
O símio teimoso insiste em pegar da pena
Para garatujar versos num pedaço de papel...
“ Aaah!... Vim, vi e por isso estou aqui!...
Aqui estou a mascar meu chiclé de goma.
Agora estou muito mais próximo do Paraíso.
Não ser Nero; Não pôr fogo em Roma.
Mas gasolina quando o caso for de circo.
Não que eu tenha algo contra os bichos.
Tampouco tenho algo contra os palhaços.
Mas é que margeia o precipício do ridículo
As atitudes, no caso, do Cágado Cagado.
Ele anela mitigar o fogo já descontrolado
Mas carece de velocidade e competência
Afinal Cagado é apenas mais um Cágado
Lhe sobra aquilo que nos falta: Paciência.
Um momento, Vossa Excelência!
Não terminemos com o cáustico do “causo”.
Por exemplo:
Dona Hiena anda um tanto ofendida
Por isso está a vociferar insensatez
Só pelo motivo que ela foi mordida
Pelo seu querido cachorrinho pequinês.
Também após um chute no estômago
Era de se esperar do galgo alguma reação
Que, além de ser um perro meio retardado,
Não foge daquilo do que é, ou seja, um cão.
Eu tinha tanto para dizer nessa nova composição!
Mas, efêmero, o poema necessita ser terminado.
Pelo amor de Deus! Este poema não é um recado.
Vejam se não vão fazer uma má interpretação...
Para que o fogo não passe para esse lado do lago.
Daqui, do Recanto das Araras, assino eu, Simão,
O Macaco.”
Gyl Ferrys