Um primeiro anjo tomou seus passos
e como sombras nos espaços
conduziu-o pelo mundo
vagueando áreas serenas
ora num abismo profundo,
ora em paisagens amenas,
ocorriam as vezes belas visões,
e eram depois horrendas aberrações.
Sobre o mundo, impávido pairando,
assistiu portentosas manifestações,
sob as águas, na terra, no ar girando,
conheceu tantas quantas revelações.
Ainda pensava no que aconteceu
quando o segundo anjo apareceu.
Seus passos para áreas conturbadas guiou,
a iniquidade que conheceu sequer o abalou.
Viu as portas do limbo encerrado em dois planos,
porção de horror onde erravam durante cem anos,
as almas desgraçadas, tristes sombras de criaturas
cujos corpos não tinham recebido sepulturas
e apodreceram ao léu acompanhados do ar
pelos abutres esperando a carniça devorar.
Desceu aos infernos e viu um lugar terrível,
o início das expiações, no limite do impossível,
onde recebidas as almas dos corpos dos jazigos,
todos os crimes recebiam seus justos castigos.
Era lá que o remorso as suas vítimas atormentava,
era de onde nenhuma alma jamais retornava,
era lá enfim que se fazia ouvir a lamentação,
e os gritos da dor dos que choravam em vão.
Conheceu todos os tipos de infernais tortura,
viu os lagos de enxofre em plena fervura,
e rios transbordantes de mármores incandescentes
onde as almas padeciam os suplícios mais ardentes.
Depois, cansado de tudo que viu, tantas mortes,
deixando todos às próprias e malignas sortes,
pelo terceiro anjo que o guiaria apenas aguardou,
e a jornada rumo ao paraíso então começou.
by ArysG@ioVani