Quando experimento como alquimista misturar elementos, pessoas há que não entendem, baixam seus olhos, crucificam o amor e a invenção e a literatura em troca de vazios.
Então desespero-me e penduro nos versos que se seguem, como em varais onde se penduram ceroulas e calcinhas, cuecas e ursinhos de pelúcia mofados cheirando a naftalina, as minhas impressões mais chulas:
Deveras é preciso defecar asneiras para que sejamos compreendidos;
Não há salvação em argumentações corretas, é preciso vender gritos e ganhar eleições para encontrar a Verdade Universal;
Ninguém liga para a poesia, o importante é retirar o seu crachá de Poeta(c);
Importante é fazer parte da fila, entrando no rabo ou na cabeça dela;
Sempre usar palavras compreensivas para que os olhos mais sensíveis não lacrimejem e para que os ouvidos mais entupidos não cuspam suas ceras;
É preciso utilizar o carimbo-social, sem ele você é um idiota [ser um idiota para os idiotas é panegírico; adoro o dúbio];
Ame intensamente o próximo, mas não se esqueça de dar um cacete nos teus parentes e enfiar a porrada na tua filha, esposa, namorada, marido, ficante;
Só os mais torpes sobrevivem;
Temos todos a mesma opinião [canhotos ou destros] e não sabemos como isso é um mal.
De fato, é triste ter que ser cômico para ser trágico, e poucos entenderão o que se passa nestas linhas. É a necessidade, enfim, de dividir e trazer a espada, para que ainda tenhamos sobre o que lançar nossas pérolas de plástico, que me obriga a ser idiota.
Escrevi estas palavras como meditação para mim mesmo, mas como sou egoísta fiz questão de compartilhar.
Triste época em que tudo é ninharia.
Graças a Deus que a História da Cultura é vivida de trás pra frente, pois mesmo neste tempo das cavernas podemos ler Shakespeare.