O uivo.
Celeste não conseguia dormir com aquele som irritante, que parecia que rasgava sua mente, tentava pensar em varias coisas, nada a fazia dormir, logo que ela estava quase aquele uivo era assustador demais. Nervosa ela sai da cama e desce aquelas escadas, espreitando pela janela da sala, espiando, observando, nada por ali, mas ao fundo, bem lá no fundo ela vê uma arvore abanar de forma estranha, ela apenas abana suas folhas em baixo.
Ficou alerta, observando, parecia que ela também estava sendo observada ali, mas ela nada via apenas o sentia, o dia estava amanhecendo rapidamente, vai para a cozinha fazer café, já eram horas de trabalhar um pouco, subiu as escadas e iniciou a sua pesquisa para continuar o seu livro.
Talvez fosse pela sua pesquisa que ela estivesse a ter estes ataques de pânico e ilusão, estava escrevendo sobre mitos da noite. Ela não acreditava em sobrenatural e nessas baboseiras todas, até fazia piada de tudo isso, mas aquele uivo era muito real e não parecia de um cão.
O dia passou dentro da normalidade, convidou uns amigos para jantar, talvez ela precisasse de companhia e distrair sua mente, era agradável receber pessoas em casa, sempre vivia sozinha e apenas vivia entre as suas pesquisas e seus escritos, apenas quando era preciso ela fazia trabalho de campo e ia aos lugares onde era necessário verificar algumas duvidas e falar com as pessoas.
A noite até correu muito bem entre gargalhadas, jogos, conversas afiadas e claro a boa disposição dos seus amigos ali, o tempo voou, perguntas sobre o novo trabalho, curiosidade sempre, mas ela sempre fazia questão de não revelar nada do mesmo e sendo assim eles logo foram embora. Celeste subiu rapidamente, tomou o seu banho e cansada, enfiou-se na cama e adormeceu.
Acordou radiante, fresca que nem uma alface, já há muito que não dormia assim arranjou seu pequeno almoço, saiu um pouco para caminhar pelo jardim e pelas redondezas, ao chegar ao fundo da cerca ela viu muitas pisadas estranhas, parecia de animal e ao mesmo tempo de humano, um pouco grandes e desengonçadas, riu-se e pensou, deve ser a criançada que adora brincar por aqui.
Logo voltou teria que pesquisar ainda muito para que o seu trabalho fosse avante, isto de desvendar os mitos, não era fácil não, mas também não era impossível sempre existia crendice e alguma explicação lógica. Voltando ao trabalho o dia passou rapidamente, conseguiu recuperar o tempo que perdeu arrumar, entre ligações e coisas a ser revisada ela foi um verdadeiro sucesso.
Pegou no seu livro e deu inicio a sua leitura, um romance de um lobisomem com uma aldeã, era interessante, mas para ela muito fantasioso por demais, mergulhou de cabeça na leitura e mais tarde ela adormece pesadamente no sofá da sala.
Celeste pensa estar a sonhar com o livro, pois escutava uivos intensamente e isso estava a incomodar, ela estava acordando com os uivos e meio confusa descobre que é real demasiadamente real e aterrador. Sente um arrepio na espinha, acho que até seus cabelos ficaram em pé, pois não era apenas um uivo, mas vários parecia uma matilha, espreita pela janela da sala e vê vultos no fundo do jardim.
Corre para o telefone, mas estava sem qualquer sinal, pega em seu celular e fica sem êxito algum, não tem qualquer sinal, ela estava ali sozinha era ela e o que rondava lá fora, os uivos eram mais intensos e pareciam quase na porta da entrada, ela corre pela casa vendo se todas as portas e janelas estavam bem fechadas. Sobe as escadas e fica em seu quarto espreitando para fora e para seu assombro, visualiza seres estranhos meio lobos e meio homens.
Um estrondo de vidros atrás de vários outros estrondos que pareciam que arrancavam todas as portas e as janelas e soube que já estavam dentro da casa, sem saber o que fazer entre o tremer como varas verdes e a chorar ela empurra os moveis contra a porta do quarto, mais e mais, sabia que não iria os deter por muito tempo mais.
Eram cerca de cinco pelas suas contas, passos fortes que subiam pela escada e uivos horríveis e altos, a porta do quarto estava sendo arrancada Celeste escutava os móveis a ceder, tudo parecia cair em cascata, pronto pensou ela agora vou morrer.
Num forte empurrão a porta da casa de banho sumiu contra a banheira, ainda bem que ela estava escondida no armário, mas era apenas uma questão de tempo. Logo todos eles iriam dar com ela, entre os frisos do armário ela viu que eram lobisomens, ela não queria acreditar, entre o medo e a sua curiosidade ela viu aqueles olhos vermelhos, ávidos de sangue, seus dentes afiados e seu rosto deformado, entre o humano e o animal, seu corpo era feio, nojento e medonho, acho que nem na sua pesquisa ela viu algo tão aterrador como estava vendo.
De repente um desata a lutar com o outro como se fosse uma luta de território, até que na luta eles partem a porta do armário, ela cheia de medo e assustada solta um grito de desespero, num segundo fatal, que logo uma garra arranca parte da sua perna e outra rasga a sua barriga, Ela sente o sangue correndo pelo corpo bem quente, os olhos incendiados e esfomeados a olhava fixamente como se quisessem ver e assistir à sua morte até ao ultimo suspiro, o seu peito arfava de tanta dor e falta de ar, o sangue já corria pelos azulejos, tudo parecia já tão longe, desfocado tão fora do seu alcance, já não tinha forças para gritar. Ela apenas sentia que o seu coração estava parando e logo ela pensou eles nunca saberão o que aqui me aconteceu, ficou sem forças. Desmaiada e esvaindo em sangue, logo parou de respirar, aqueles vermes estavam esperando o momento para saborear a sua presa, mas não eles apenas viraram as suas costas e foram embora.
Até hoje ninguém sabe que aconteceu por ali, o caso estranho da escritora de mitos assassinada cruelmente, os comentários eram vários até que alguém disse que viu vários lobos pela redondeza, mas que eles jamais iriam causar tanta destruição...
Caso encerrado, apenas ficou mais um mito para as gerações seguintes.
Betimartins
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