Poemas : 

Esperança II

 
as engrenagens rangem
sem medo do tempo
as engrenagens rangem
sem medo do tempo

entre as árvores
nasce a fábrica
entre as árvores
nasce a fábrica

que paria
gente morta
que paria
gente morta

ao som do apito eles vão
dia sim, dia sim, vida não

a indústria desenha
o seu servo perfeito
a lápis de ignorância
tinta indelével do medo

dia sim, dia sim, vida não

uma vida contada em cargas
cargas horárias

eletricidade pilha bateria
meia-vida, meia-morte-vida
pilha bateria energia vida

ao som do apito do destino
não enxergam as miragens

muita fumaça fumaça
tosse prego lágrima

filhos dos filhos das máquinas
não sentem sentem sentem

sentem medo medo medo

a máquina recicla a paz
no peito de cada alma
a máquina é mãe de deus
a máquina é pai do mal

as engrenagens rangem
uma flor murcha
uma vida seca

as engrenagens rangem
com medo do tempo

dedos abraçam o martelo
carrasco de cada prego
algoz da interrogação
ventre de ferro do sim
fio da navalha do não.

dito isto,



revolução.

 
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Acento
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Enviado por Tópico
Beija-Flor76
Publicado: 22/05/2012 21:57  Atualizado: 22/05/2012 21:57
Membro de honra
Usuário desde: 23/02/2010
Localidade: PORTUGAL
Mensagens: 2080
 Re: Esperança II
Acho (na minha opinião)um poema muito maquinizado, quase uma canção daquelas pimba onde se repetem deliberadamente as coisas e no fim...acabam por não dizer nada. Não é que não goste, mas acho que não englobo este tipo de escrita no que chamo de...POESIA.
atenciosamente
Beija-flor


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/10/2012 21:41  Atualizado: 10/10/2012 21:41
 Re: Esperança II
Muito bom, alentador até poder ler essa qualidade poética. Seu poema é mesmo a reprodução da maquinização humana, e permite ver a engrenagem que repetidamente engole o que é humano, subjetivo, o sujeito. Depois de tudo, uma única palavra com gosto de esperança: revolução. Apreciei e lerei outros, já agradecendo por compartilhar.

Sandra.