Navego em ti, rumo ao teu coração. Entrego a vela ao vento Norte, e o corpo à chuva fria feita de lágrimas salgadas pelos teus olhos. Enfrento a tempestade do teu corpo, sulcando ondas, vagas que me assolam a alma. Cavalgo a crista das ondas, procurando o equilíbrio entre a solidão imensa deste mar e a tranquilidade acolhedora do porto do teu amor.
Vou, voo, lanço-me no espaço vazio, agarrado aos meus sentimentos, procurando por entre as brumas a praia escondida do teu ser. Nada tenho a perder, sou apenas uma folha caída, neste Outono da minha vida, procuro apenas um lugar, que sei existir em ti, onde aportar, para simplesmente aí me deixar estar.
Derivo, perdido na imensidão do oceano que és tu, chamo-te e não me ouves, grito e não me escutas, desisto e não percebes que fiquei ali, pelo caminho, entregue ao sal das tuas lágrimas, o corpo dorido, e a esperança derramada, dissolvida nessa água. E tu? onde estás? já não me sentes, quiçá! O mundo é imenso, tanto quanto o mar que eu navego, e quantas almas perdidas, procuram ser encontradas, antes do final das vidas!