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Espelho Turvo

 
Tags:  reflexão    desespero    suicídio  
 
Espelho turvo

O espelho reflete o rosto
cansado das noites em claro,
a boca guarda desagradável gosto
de restos, bebida e cigarro.

A pele, ressequido pergaminho
de traçados mapas, rotas de fuga.
A barba cerrada, espeto, espinho
cobrindo desleixada cada ruga.

Os olhos sanguíneos, dilatados
de assustadas pupilas que tanto vêem
testemunhas de homens condenados
que nada têm, nada querem, em nada crêem.

As mãos trêmulas condenam, acusam
os excessos das noites e madrugadas,
são trêmulas as mãos que abusam
dos carinhos falsos das mulheres perfumadas.

A arma jaz silente na gaveta,
no tambor, a pílula da cura imediata.
A trajetória é única, fatal e reta
e o espelho testemunha o homem que se mata.




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Mauro Gouvêa
 
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Enviado por Tópico
Tânia Mara Camargo
Publicado: 14/11/2007 18:02  Atualizado: 14/11/2007 18:02
Colaborador
Usuário desde: 11/09/2007
Localidade:
Mensagens: 4246
 Re: Espelho Turvo
Olá Mauro, passando rapidamente para ler-te.

Estou com problemas de saúde, devo manter-me pouco
sentada, (bacia e coluna), beijos!

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/11/2007 22:55  Atualizado: 14/11/2007 22:55
 Re: Espelho Turvo
Quase ouvimos o ribombar do tambor ao longo do poema num ritmo deveras agradável. Gostei.