A lambisgóia da empregada
Deixou-me sopa azedada
Para o jantar,
E um corta-unhas na escada
Que vai para o 2º andar.
Esse coirão de mulher
Que me limpa um salário mínimo
Da offshore todos os meses,
Mexe-me com o íntimo
Ao ponto de me doer
Não a espancar um par de vezes.
Não sabe falar o idioma
Do país onde trabalha,
E apesar de grande croma
Da arte da navalha,
Nunca esventrou ninguém.
É uma tipa que não tem
Dinheiro nem para o caixão
Caso haja um filho da mãe
Que num golpe de compaixão
Mate esse samatrão.
Num dia destes vou mais cedo,
Passo numa loja de ferragens
E em vez de jantar azedo
Sirvo-lhe um ancinho,
Pode ser que uma ou duas mensagens
Cheguem ao seu destino.