Poemas -> Sociais : 

Violência (com a) Doméstica

 
Tags:  basofe  
 
A lambisgóia da empregada
Deixou-me sopa azedada
Para o jantar,
E um corta-unhas na escada
Que vai para o 2º andar.

Esse coirão de mulher
Que me limpa um salário mínimo
Da offshore todos os meses,
Mexe-me com o íntimo
Ao ponto de me doer
Não a espancar um par de vezes.

Não sabe falar o idioma
Do país onde trabalha,
E apesar de grande croma
Da arte da navalha,
Nunca esventrou ninguém.

É uma tipa que não tem
Dinheiro nem para o caixão
Caso haja um filho da mãe
Que num golpe de compaixão
Mate esse samatrão.

Num dia destes vou mais cedo,
Passo numa loja de ferragens
E em vez de jantar azedo
Sirvo-lhe um ancinho,
Pode ser que uma ou duas mensagens
Cheguem ao seu destino.








 
Autor
basofadas.literárias
 
Texto
Data
Leituras
1001
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.