Com um véu de cinza sobre os ombros
chegam as sombras turvas do pranto
os cães do vento farejam o frio dos becos
onde se escondem lambendo feridas antigas
o sol fecha-se num bater de pálpebras
cegando a luz clandestina do dia
e um ritual de lágrimas adiadas
rompe a inércia dos horizontes cercados
Deslizando lentamente na calçada
a tristeza dobra as esquinas da manhã
no canto de chuva do amolador de facas