Sonetos : 

Caras de bacalhau

 
Há sempre um destino para cada estrada,
para cada rio, para cada deserto, enfim,
para tudo e até mesmo para nada,
para nada que tenha tudo sem haver nada assim…


Claramente não há falhas nesse projecto;
tudo o que começa também acaba,
há sempre um bebé depois de cada feto,
em cada bebé há um que se baba…


Assim como haverá uma curva
depois de uma longa recta,
a noite depois do dia…


A nitidez, após uma visão turva;
depois da acção errada, faz-se a correcta…
depois de tristeza, teremos alegria.






Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/10/2016 14:56  Atualizado: 10/10/2016 14:56
 Re: Caras de bacalhau
Ok...

Tudo muito bem dito.