Re-Velações da Noite
[Estranho isso de pensar no tempo-noite re-velando as pessoas...].
Já tentei imaginar se Pessoa teria escrito textos, que hoje compõe o Livro do Desassossego, ao sol do meio dia...
Esse é o lado bom da noite! Fabricar grandes idéias, será?
Por outro lado, que sombras são essas que se abatem sobre as pessoas?
Se inspiram poetas, também desviam soluções, trazem lágrimas, desconfianças, desalentos...aviva a solidão!
Minha mãe dizia que tudo de noite piora. A gripe, as dores, as sensações ruins.
E qual seria a razão?
Da gripe, talvez seja a friagem... não sei não! [risos].
E as outras sensações?
Medo? Lucidez? Loucura?
Talvez devêssemos lembrar [retrucar?] que a noite proporciona climas mágicos para os que amam... Romantismo, erotismo, desejos à flor da pele!
No entanto, tudo isso só explode, se durante o dia houve uma minuciosa construção da noite! Se o amor está saudável.
E se não está?
Então, a noite é o inferno! Transfigura claros seres em negras sombras perambulantes: negrume de sentir, de falar de pensar!
Como então detectar se o que fazemos, falamos e sentimos é só efeito soturno da noite?
Como entendê-la?
Raros te entendem, noite,
Assim como eu te entendo.
Brotam mundos estranhos,
Do teu ventre que enegrece,
Como no escuro da solidão,
Brotam em mim, eus,
Que a minha razão desconhece.
Que mentirosa sou eu! Sou?
E quem ama, ama menos durante o dia, pelos afazeres, correrias?
E quem sofre, sofre menos com o sol brilhando bem forte?
E a solidão, desaparece com as conversas banais das horas de claridade?
Noite, noite,
Note noite que o norte,
Já estava perdido antes!
Não és tu a culpada, dos desencontros,
Das mágoas, do desfazimento da vida!
Noite, tu és só um tempo,
Um tempo escuro a clarear,
As verdades que mais negamos!
Então...Culpado é o sol?
A claridade, o dia?
Que fabrica sorrateiro, o que sentimos de noite?
E há culpado na história?
Hum, desconfio que haja sim!
Quem?
Melhor é não olhar para o espelho...
Em tempo:
Re-velar é tornar a velar?... É estar desperto outra vez?... Ou deixar novamente escondido?...
Ai...tempo de pensar em tempo!