Poemas : 

Eis que entardece

 


Há uma rua que passa à minha porta

sombreada num gesto vago e palmilhada vezes sem conta.

Eis que entardece.

Como os jovens galhos se esticam na ânsia de tocar!

As folhas, agitam-se tolas e as sombras

mostram bons ninhos onde pernoitar.

Seduzem-se umas às outras

com histórias quentes de belos locais diferentes…

E como vibram, sibilantes, entontecem!

É a chegada das andorinhas que a Natureza agradece!

Nas fendas ocultas,
uivam cigarras raivosas.

Reclamam o seu lugar na criação.

Loucas pela sede, rangem as asas,

na espera da chuva que tarda em chegar.

Há uma nuvem no céu.

Logo outra e outra ainda,

açoitadas a vento irado,

tornam o que era um dia belo

num repentino tornado.

Abatem-se gotas na calçada.

Nas casas, engole-se a sopa com lágrimas.

Os velhos, cruzam os dedos e repetem os credos.

Há um rio que passa na minha rua e que corre para o mar.



Incipit...

 
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Vilians3
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