O OLHAR DO TÓTEM
Roubei um tótem, numa curva da estrada,
estátua lá caída, numa mata abandonada,
ao ve la, batí palmas para seu artesão.
Naquela tarde, lá na curva da bananeira,
tive que usar a força de uma betoneira,
para coloca lá na carroceria do caminhão.
A um artista plástico, fui pedir uma ajuda,
a um pai de santo, que a benzeu com arruda,
o tótem recebeu uma nova e bela tonalidade.
Seu criador, talvez, algum índio bem antigo,
deu lhe um sorriso suave e muito amigo,
que mostra no olhar, o que é a amizade.
Hoje eu o chamo de meu tótem da alegria,
transmite me no olhar, uma certa magia,
acho que vê em todos certa igualdade.
Saiu do mato, depois de anos de solidão,
e hoje e saudado por toda a população,
é o maior atrativo do jardim da cidade.
Acredito que não foi errado o que fiz,
por que percebo nele um olhar feliz,
que parece mudar, melhora a cada dia.
Quase apodrecendo, caído e abandonado,
penso que se sente melhor, tão admirado,
em troca, vai inspirando, a minha poesia.
GIL DE OLIVE