As loucas e felizes redundâncias
(Mauro Leal)
Nos ídos de 1980 no Largo de São Francisco, coração da cidade maravilhosa, de regresso ao repouso,
o ponto era o final do saudoso 343 (Lgo. S. Francisco x Vista Alegre),
Auto Viação Elite, um grupo de trabalhadores-festeiros que deslavadamente às filas furavam,
amotinavam, batucavam, cantavam e desafiavam fazendo a bicha sentido oposto inchar.
Alguem do final, alucinado esperneava e "berrava"
- "pow" meu o fundo é pra cá!
Mas o "Madá", o que estava a farra a encabeçar
, sussurrava.
- "tô nem aqui meu", e o que que foi, e o que que é, e o que que há, e o que está a pegar?
estamos aguardando o restande da "zuada" galera chegar pra o forrogodo ensaiar e no busão verdão de lata velha "arrebentar".
Logo a vez deixavam passar e um segundo e até um terceiro emaranhado formavam,
e passo a passo eu prosseguia com àqueles que aulas e novelas assistiam.
Era no enfrentamento do calor, na chuva de verão, na fria estação
com empurra "purra", "rala rala" e "vucu vucu" do rosh de cada dia.
Com os meus papiros de baixo dos braços cruzados e ar de preocupado,
que um ancião aposentado "ligado", olhou, sorriu e com a dentadura vazia, bafo de pinga e a baba pelo queixo escorrida, a mim dirigiu:
- "Porque não pega o 357, o rápido, que o rápido vai mais rápido e vai direto"?,
ou na carona no bonde do Joel-paizão, técnico do "mengão", "- que vai numa rapidez muito rápida?"
Disse-lhe: uma boa senhor, vou nessa, "demoro"
é isso mesmo!
e às expressas e seletas redundâncias que quase me levou a urinar de tanto gargalhar,
tive que combinar e "redundanciar":
Vou pegar o rápido, porque o rápido vai mais rápido, vai direto, rapidinho numa rapidez muito rápida né vô?
- É "craro".
Agradeci e pro rabo da prolongada do rápido bem rápido, em risos parti.