Minhas mãos tocaram abruptamente no meu cabelo ao mesmo tempo que minha garganta gritava em alto som o quão doloroso era sentir-me assim, temerosa pela minha pele. E eu era destruição em tons de mil, ninguém me ouvia a cada abismo que me fazia cair, perder-me e enlaçar-me novamente por imensas tempestades que nunca eram minhas, mas me matavam a toda a hora.
E eu chorei, tentei deixar que tudo se libertasse, mas minhas lágrimas salgadas apenas geravam o imenso mar que me afogava… E a loucura se fazia minha a cada segundo. Eu era louca entre todas as outras, aquela que se afogava aquando da sua queda pelo abismo. E eu gritei com todas as minhas forças, tentei suportar-me no ar, chamar pelo meu anjo guardião mas nada acontecia. Eu gemia enquanto meu corpo tremia em cada célula estilhaçada. Quem me ajudaria agora? Quem me fizera cair desta forma?
Tentei gritar novamente, afastei-me de qualquer forças que me restavam para gritar mais alto e nada acontecia. Inspirei fundo, na tentativa de finalmente chegar a um chão e esbarrar-me por completo, para que não existisse mais. E eu me perdi em tons de mil e jamais me encontrei…
Até, que meus olhos se abriram para o grande sol que fazia meu dia. Ele me disse bom dia e eu sorri-lhe, arrumando os lençóis e deixando para trás mais uma das minhas dimensões latentes da tempestade que sou. Fui-me livre, voei por outras vidas que não as minhas e senti-as. Fui eu, e muitos outros. Sou eu, sendo tempestade.