Não me machucaste,
Não tocaste em mim,
Mas sangraste-me o rosto
Com tua covardia!
Quebraste-me o selo da confiança!
Que direi agora ao sabiá
Com quem converso todas as manhãs?
Que perdi a esperança?
Que me lograram a alegoria?
Não! O sabiá guarda na lembrança
Com seu canto encantado
A minha mensagem de todos os dias!
Enganaste-me sorrateiramente,
Diluíste meus sonhos na cálice da hipocrisia
E agora estou vazio de repente!
Como pudeste agir assim?
Destruíste as flores do meu jardim,
Deixaste-me abandonado!
Um infinito deserto para minha essência,
Estou acorrentado... desesperado!
Levaste para bem longe a minha eloquência...
Estou numa rua estreita,
Num beco sem saída,
Com minha alma em frangalhos!
Traíste-me a confiança!
Revelaste meus segredos...
As veredas da vida estão repletas de atropelos,
Não tenho para onde ir...
Um dia te chamei de amigo,
Deitei minhas lágrimas em teu ombro-amigo,
Agora me vejo desolado...
Quero meus segredos de volta,
Tentarei modificá-los a natureza
Porque a essência de sua beleza
Está no que os poetas declamam
A todo instante e a toda hora...
É que os homens também choram!